Escrito por: Diário Digital Castelo Branco
“O projeto está localizado em território de alto valor ecológico, dentro da área do Parque Natural Internacional e Reserva da Biosfera do Tejo-Tajo, e afetaria direta e irreversivelmente a biodiversidade e a paisagem desta área protegida”, referiu, em comunicado, a ADENEX.
O projeto da central fotovoltaica da Beira contempla a instalação de 425.600 módulos fotovoltaicos, com uma potência total de 266 Megawatt (MW), numa área de 524,4 hectares dos concelhos de Castelo Branco (Monforte da Beira, Malpica do Tejo, Benquerenças, União das Freguesias de Escalos de Baixo e Mata e Castelo Branco) e em Idanha-a-Nova (Ladoeiro e União das Freguesias de Idanha-a-Nova e Alcafozes).
Este projeto esteve em consulta pública e atualmente encontra-se em análise.
Segundo os ambientalistas, cerca de 8% da área total da central solar sobrepõe-se a habitats de interesse comunitário, protegidos pela Diretiva Habitats da União Europeia, cuja conservação é uma obrigação legal para Portugal.
“A área afetada pelo projeto é crucial para inúmeras espécies de aves, tanto aves estepárias, quanto aves de rapina, incluindo a águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti), a águia-de-Bonelli (Aquila fasciata), a cegonha-preta (Ciconia nigra), o abutre-do-egito (Neophron percnopterus) e o abutre-preto (Aegypius monachus). Todas essas espécies são protegidas e algumas encontram-se em grave declínio”, sustentou a associação.
Argumentou ainda que o projeto também afetaria áreas naturais com proteção múltipla, como o Parque Natural Internacional e Reserva da Biosfera do Tejo-Tajo, a Reserva Ecológica Nacional (REN), as Zonas de Proteção Especial para Aves (ZEPA) e as Zonas Especiais de Conservação (ZEC) da Rede Natura 2000.
A rede Natura 2000 é o principal instrumento europeu para a conservação da biodiversidade e procura garantir a sobrevivência a longo prazo dos habitats e das espécies na Europa.
Neste âmbito, a ADENEX considerou que o projeto solar da Beira “apresenta impactos ambientais graves e irreversíveis em habitats protegidos, fauna ameaçada, áreas hidrogeológicas sensíveis, paisagem e património natural”.
“A localização escolhida é incompatível com as normas de conservação nacionais e internacionais, bem como com os compromissos assumidos por Portugal no âmbito da União Europeia e da Rede Natura 2000”.
A Reserva da Biosfera Transfronteiriça Tejo/Tajo Internacional, criada em 2016, localiza-se na zona mais ocidental da Península Ibérica, tendo como ponto de ligação entre Portugal e Espanha o percurso do Rio Tejo, incluindo na sua área os seus principais afluentes (os Rios Sever, Pônsul, Aravil, Salor e Erges).
Este território transfronteiriço, por congregar o Parque Natural do Tejo Internacional, criado em 2000 e localizado no distrito de Castelo Branco, e o Parque Natural del Tajo Internacional, constituído em 2006 e situado na Comunidade Autónoma da Extremadura (Espanha), engloba um conjunto significativo de valores naturais e paisagístico.
A Reserva da Biosfera Transfronteiriça Tejo/Tajo Internacional constitui um local de nidificação de várias espécies de aves, maioritariamente protegidas por convenções internacionais, contribuindo assim para a sua monitorização e conservação.
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